Plantão de dúvidas 

O nosso próximo plantão de dúvidas ocorrerá no dia 16/10, às 20:00. O link será enviado no e-mail até 1h antes de iniciarmos. Esperamos vocês. 

Recomendação Cultural 

Somos da opinião de que cultura é fundamental para o desenvolvimento do ser humano. E isso acaba fazendo de você um investidor melhor, tenha o assunto a ver com finanças ou não. Assim sendo, gostaríamos de oferecer uma indicação quinzenal da qual gostamos e achamos que seria útil. 

Poison (Netflix) 

Há assinantes que comentam não ter tempo livre para assistir longas séries ou ler extensos livros. Pensando nisso vou indicar um curta dessa vez, ao alcance de todos por apenas 17 minutos de suas vidas. 

É uma obra muito interessante, assinada por Wes Anderson. Anderson dirige e escreve essa adaptação para o cinema de uma maneira super peculiar. Ele é um diretor extremamente criativo, sejamos justos, e dessa vez não foi diferente. Com um enquadramento que lembra muito uma peça de teatro, texto ágil e elenco de primeira, o moço está de parabéns!! 

No elenco estão Benedict Cumberbatch (Sherlock) e Dev Patel (Slumdog Millionaire – mal traduzido para o português como “Quem quer ser um milionário”), ambos com atuações memoráveis. 

Recomendo de olhos fechados. Mas veja a obra com os seus abertos, para melhor deleite. 

Crônicas de Mercado 

Periodicamente procuraremos trazer textos (crônicas) para nossos assinantes com o objetivo de levar a uma reflexão mais profunda sobre o mundo dos investimentos, assemelhando-o a nossa vida cotidiana, afinal, investir sempre fará parte da nossa vida cotidiana. Denominamos esses textos como “Crônicas de mercado”, e cada um deles virá com um tema diferenciado. 

AS VICISSITUDES DO VÍCIO 

 
Obs: Alguém poderia ter a sensação de já ter lido isso semana passada. Não é para menos. Essa crônica é nova, embora irmã gêmea da outra. 

  
Desde pequeno, Juarez gostava muito de futebol. Não era por menos. Seu pai era bem distante emocionalmente, só mostrava paixão mesmo quando o negócio era torcer pro Santos. Não deu outra. Juarez comprou camisa oficial, ia quase uma vez por mês ao estádio e entrou no programa sócio torcedor.   

Naquele ano, o Santos estava bem no campeonato, e entrou na semifinal do paulista como favorito. Logo aos 2 minutos de jogo, o zagueirão deu uma entrada mais forte e o juiz soltou o cartão vermelho com vontade! 

“Que injustiça!” – pensou Juarez. “Se fosse para o Corinthians, aposto que o juiz não faria isso!”  

Tá certo que aquele zagueiro era meio ignorante, nas palavras de seu próprio pai. Zagueiro-zagueiro, como gosta o Felipão, daqueles que não perde a viagem: ou passa a bola ou passa o jogador... Se acertar um passe de mais de 20 metros é porque está jogando na posição errada. 

“Não tô a fim de sofrer!”, sentenciou para o pai e foi para o seu quarto jogar videogame. Em retrospectiva, Juarez entende que talvez não tenha sido a ideia mais brilhante que teve na vida. Estava pau da vida com um jogo de futebol, queria esquecer daquilo, e decidiu (adivinhe!) jogar FIFA no videogame. Jogo tenso, concentração total, Juarez finalmente faz um gol quase no final do 1º tempo. Nesse exato momento o jovem descobre que seu adversário é um hacker, de forma que consegue quitar a partida e fazer nosso protagonista perder o jogo na contagem do torneio. Mesmo tendo ganho.     

Nesse momento Juarez pensou na pessoa que estava ali, do outro lado do videogame. O que faz uma pessoa se portar dessa forma?  

Será que é simplesmente um folgado? Um garoto mimado? Mal-educado? 

Juarez pensou na possibilidade de ser uma pessoa doente do outro lado. Mentalmente doente. Desequilibrada. 

Nosso protagonista fez um exercício de memória e lembrou de uma notícia dizendo que a desenvolvedora que assina o jogo tinha acabado de pagar 1 bilhão de dólares num contrato de 4 anos apenas pelos royalties pelo nome “FIFA”. 

“Esse cara deve ter gravado a notícia errado” – pensou o cético leitor. 

Não, não!! Juarez era muito bom com números, nós não corríamos esse risco. 250 milhões de dólares por ano apenas para essa sigla de 4 letras. 

Se 250 milhões de dólares era só parte do direito autoral, quanto será que esse jogo não amealhava por ano?? Ao prestar atenção nas placas de publicidade dentro do joguinho, não é difícil perceber propagandas da Cola-Cola e de outras marcas fortes, que muito provavelmente não compraram o espaço ali com apenas 2 bananas e 3 maçãs.  

Esse jogo renova objetivos diariamente. Os jogadores são instados a colecionar as figurinhas dos jogadores de maneira alucinada, ao melhor estilo pokémon “gotta catch em all”. São levados a acreditar que seus times estarão em desvantagem caso não tenha as figurinhas carimbadas (que mudam sempre). Ficam o tempo todo “em busca do mais novo Zidane”, como exemplificou um amigo meu. 

São levados a comprar pacotes de figurinhas com dinheiro de verdade, muitas vezes gastando uma grana que não possuem ou mesmo assaltando os cartões de crédito dos pais. 

Imagine se uma Corporação como essa contrata as melhores mentes do mundo especializadas em vicio e comportamento para trabalhar pra ela? Imagine se a preocupação aqui for apenas com lucro? Se não matar os seus consumidores já está bom? 

Juarez percebeu que o hacker que caiu no seu caminho pode ser mimado, folgado ou mal educado. Mas também pode ser uma pessoa transtornada mentalmente do outro lado. Viciada nessa descarga de dopamina e com problemas sérios de ansiedade ou depressão. 
Juarez entendeu que nem dava pra ficar com raiva de seu adversário sem entender exatamente o que se passava do outro lado da conexão de internet.  

Jogos de videogame dão um feedback instantâneo ao jogador, o que estimula a produção de dopamina no cérebro. Quem tem tendência a se viciar pode passar maus bocados, e deveria sempre se policiar ao realizar esse tipo de atividade. 

No mercado financeiro, não é anormal que investidores iniciantes se comportem como apostadores em um cassino, prejudicando sua saúde mental e financeira. Além disso, há bancos ou corretoras que trocam suas carteiras recomendadas freneticamente para incentivar esse tipo de comportamento.  

Analise seu comportamento como investidor!! Você está operando mais do que o necessário? Está olhando o Home Broker horas e horas sem parar pra fazer outra coisa?  

Preste muita atenção nos sinais e se policie. Ou então você pode acabar triste e quebrado, sem dinheiro até mesmo pra comprar um jogo novo de videogame. 

Conflito armado e os investimentos 

Infelizmente estamos observando mais um triste episódio de nossa sociedade, um conflito armado que já levou a muitos óbitos na região de Israel e Faixa de Gaza. Observamos com muita tristeza a situação na região.  

A nossa missão aqui no Desmistificando Research é conseguir trazer aos assinantes a visão sobre o universo dos investimentos e assim vamos fazer com mais esta notícia, buscando ser o mais racional possível e sem tentar prever o futuro, o que não é possível.  

Nesse momento a guerra parece estar restrita a região de Israel e a Faixa de Gaza, o que, do ponto de vista de economia mundial, não geraria maiores impactos; no entanto, há fortes preocupações sobre os desdobramentos deste conflito para outros países.  

Um desdobramento da guerra para outras regiões, com um possível envolvimento maior dos EUA (digo maior, pois em princípio os EUA já estão envolvidos) e de outros países, poderia levar a uma escalada do preço do barril de petróleo. Uma escalada do preço do barril de petróleo geraria um aumento da inflação ao redor do mundo, mantendo juros elevados por mais tempo.  

Um envolvimento maior dos EUA poderia levar a um aumento das despesas do Governo, aumentando ainda mais o déficit fiscal, o que poderia pressionar ainda mais a inflação americana e manter os juros elevados lá por mais tempo.  

Inflação mais persistente e juros mais elevados pressionam ativos de renda variável para baixo. Aqui no Brasil a expectativa por cortes na Selic segue, mas, se ocorrer algum nível de impacto na inflação, seria possível que os cortes encerrem antes das expectativas dominantes, que seria uma Selic entre 9% e 10%.  

Em um cenário desses, petrolíferas acabam se beneficiando. Mas no caso da Petrobrás, é sempre importante lembrar a nossa preocupação com uma possível manutenção dos combustíveis em patamares mais baixas, o que nos fez manter apenas a RECV3 em carteira. Juros mais elevados geram impactos para as cotações das empresas de construção civil e properties, desvalorizando a cotação.  

Qualquer impacto nos investimentos vai depender do desdobramento da guerra, a qual começou agora e esperamos que não dure muito tempo. Caso a guerra dure mais tempo, poderemos ter bastante volatilidade na bolsa de valores.  

No momento a única recomendação que nos parece possível de ser dada é que não vemos necessidade de realizar vendas dos bons ativos que o investidor possui; no entanto, novos investimentos precisam ser feitos em maiores intervalos de tempo, buscando acompanhar novos desdobramentos e um eventual aumento de volatilidade dos ativos.